quarta-feira, 2 de março de 2011

O Castelo dos desejos Libidinosos
Jb.campos

Este livro deseja demonstrar os valores do homem em sua bondade, e maldade pelo poder, pela riqueza, fama, miséria etc...
Demonstrando o óbvio milenar da luta interna do ser humano entre o bem e do mal.
Aliás, são coisas bem corriqueiras do nosso dia-a-dia.
Desde que... o mundo é mundo, acontecem maldades de muitas maneiras, e o ser humano na sua cegueira, não se apercebe de que irá ter o devido retorno de suas funestas atitudes!
Aqui narra-se a vida palatina de uma família que espezinhou seus irmãos, porém, castelos e palácios também são destrutíveis, portanto, sobre este castelo especialmente, caiu a maldição dos deuses, e não restou dele pedra sobre pedra que não fosse derribada...
Vamos deixar claro que, não é somente fidalgo que habita em castelo, qualquer pessoa que possua uma boa soma em dinheiro poderá construir o seu...
- Quem poderá impedir?
Assim acontecera com Frank, um homem... que não era de todo ruim.
Bem... vamos direto à nossa história:

Boa leitura,

“O autor”


O CASTELO DOS DESEJOS

CAPÍTULO 1

O DESCRITIVO DO CASTELO

Apenas o exterior era exatamente um castelo medieval, construído com blocos de pedras brutas, vulgarmente conhecidas por pedras "Ferro", e outras para acabamentos...
Frank caprichara, demorou anos para concluir a obra, e com muita gente trabalhando na sua construção.
A fazenda de Frank era realmente um paraíso terrestre, já com belas moradias e muito conforto.
Para se transitar dentro dos parâmetros necessários... seus átrios eram calçados com os nossos velhos conhecidos: paralelepípedos.
Com jardins enormes, e muito bem cuidados.
Mas o megalomaníaco cismou em construir um castelo no estilo medieval e, mãos à obra...
Nos áureos tempos da agropecuária, Frank era detentor de milhares de rês, além de outros negócios de âmbito internacional...
Desnecessário seria aqui, descrever sua capacidade financeiro-econômica... portanto, continuemos com o castelo dos desejos.
Imitando os cavaleiros medievais e suas távolas, comandou a feitura de enorme portal-ponte, enquanto, um tranqüilo braço de um rio chamado: "Rio das Pedras" fora desviado mansamente para circundar o majestático hábitat da família Frank.
Essa família compunha-se de:

1 – Frank, o patriarca,
2 – Carlota, a matriarca, e uma prole de quatro belos filhos e seus problemas.
3 - O primogênito, João José, agrônomo, que odiava a profissão.
4 - A Segunda filha, Maria Joaquina, médica fisiatra.
5 - Carlos Marcelo, teólogo desistente...
6 - E finalmente, Anita Garibaldi, arquiteta.

Anita, foi a grande incentivadora do pai na construção do castelo.
Enquanto, uns atribuíam insanidade ao patriarca etc...
Realmente aquilo ficou deslumbrante, ninguém podia imaginar o quê aquele amontoado de pedras, possuía pelo seu lado interno, no seu interior existia o que havia de mais moderno para aqueles dias.
Elevadores mais avançados... do que os de muitos em prédios de primeira grandeza das metrópoles desenvolvidas do mundo.
Granitos e mármores sobejavam... Ah! - para quem conhece e pode avaliar a beleza lapidada de uma parede em pedra lápis-lazúli, morreria de encantamento ao adentrar as alcovas dos desejos.
Os acessórios hidráulicos em ouro de catorze quilates, fascinavam os pobres mortais.
A eletrônica já imperava naqueles dias, nas mãos de alguns abastados, como fora o caso de Frank.
Mordomos e mordomias... aquelas pessoas não conheciam o outro lado da moeda, pois, a vida e suas nuanças são os melhores professores ao entendimento da fragilidade humana.

OS DESEJOS DO PATRIARCA

CAPÍTULO 2

A FAMÍLIA

Sabemos que o castelo dos desejos fora construído para servir uma família de seis pessoas: Frank, Carlota, João José, Maria Joaquina, Carlos Marcelo e Anita Garibaldi.
Cada um desses seres humanos tinha sua alcova, como a de um faraó servido por seus eunucos...
Seus serviçais, eram emudecidos pela soma bem aquilatada em dinheiro, que recebiam para ocultar as patranhas de seus senhores.
Se assim eles quisessem, porém... continuemos à conclusão dos fatos...
A triste história se repete em quase todas as famílias da terra, irmãos estão sempre levantado-se contra irmãos, quando não, filhos contra pais etc...
Que pena, depois de tanto tempo, refletir feito como o de Caim matador do seu irmão Abel!
A ganância, algo de extrema perversidade... avassalava também aquela família que tinha de tudo, e do bom, e do melhor...
Vamos ressaltar aqui o poder desmesurado da mente humana, quando cremos em nossos poderes mentais, mistificados em ordens etéreas, tudo pode acontecer, porém, jamais devemos esquecer do retorno.
A própria natureza mostra-nos o sincronismo cíclico da vida.
Segundos – minutos – dias – semanas – meses e anos vão e retornam dentro de um tempo congruente e repetitivo...
A fama demonstra a fragilidade humana, podemos enumerar uma infinidade de famosos vivendo no ostracismo, porque envelheceram e não mais podem exercer suas famas que, consequentemente traziam lucros aos empresários desta vida.
Num piscar-de-olhos a nossa vida se esvai, e nós... talvez, ainda que, com pequena lucidez possamos avaliar os nossos feitos.
Então, entenderemos nesse momento final que, poderíamos viver dentro de menos pompas e preocupações, envolvendo nossos irmãos no nosso infortúnio macabro, aí dói profundamente a dor do arrependimento.
E, chegamos à triste conclusão da nossa burrice!
O grande desejo desta família palatina, era o de posse.
Praticar-se-ia qualquer maldade que fosse, para se ser o dono do patrimônio do patriarca Frank, que não era tão velho assim... também, não era flor que se cheirasse, fora maldoso para conservar e aumentar a sua herança advinda de pais ingleses e, banqueiros, que atingiram o apogeu de grandes agiotas legalizados.
A turba estava se formando dentro do palácio, ou castelo, ou, mescla das duas coisas... para sermos mais claros, nos arredores do palácio...
A família, apesar de ter todo o conforto deste mundo, odiava o patriarca Frank, pois, era um ser libidinoso e sem escrúpulo, e o seu amor embasava-se no dinheiro, no poder e na luxúria.
Em linguagem popular, diríamos que Frank era um sádico-tarado e profundamente carente.
Conheceu uma jovem... e chegou apaixonar-se por ela, quando estudavam medicina veterinária na mesma universidade...
Formosa jovem, porém, meio empafiosa, ensimesmada, posto que se estribava nos bens materiais que seus pais possuíam, portanto, não dando muita trela ao seu admirador Frank.
Ratificamos: Clarice fora filha de um senhor, poderoso magnata, instruída, requintada, vivia faustosamente como uma princesa.
Porém, a vida sempre nos coloca a todos imprensados contra os becos sem saídas, ou melhor, sem as saídas que desejamos.
Clarice fora pega no contrapé e, teve de amargar dias difíceis...
Frank formara-se em veterinária juntamente com Clarice, porém, seus destinos foram adversos.
Os pais de Clarice vieram a perder tudo o que possuíam em jogatinas de várias ordens, pois, é bom salientar-se aqui que o casal não detinha nenhum tipo de vício a não ser este escabroso, que alicia e aliena os seres humanos, o jogo, enfim o casal enfiou-se em dívidas impagáveis e, acabaram por afetarem-se em suas saúdes psicossomáticas e vieram a falecer, deixando dívidas à Clarice que fora fiadora dos queridos pais.
Sem a mínima condição de saldar seus compromissos, entrou em profunda depressão e, deu-se completamente às drogas, desde bebidas alcoólicas aos barbitúricos...
Seu estado fora tão calamitoso, chegando a morar na rua, habitante de rua, moradora de viaduto, às vezes entregava-se às sarjetas da vida...
Molambenta, enxovalhada pervagava, esmolando um pedaço de pão duro para sobreviver...
Daí... deu-se o reencontro com Frank que, fora abordado pela criatura miasmática, qual sua surpresa ao reconhecê-la, e...
- Você... não é a Clarice que fez veterinária?
- Sim, e daí meu... qual o problema, você nunca viu uma veterinária tornar-se uma cadela imunda?
Apesar de Frank ser um safardana de marca maior, não pôde conter as lágrimas que lhe rolaram sobre sua barba negra, e tentou por todas as maneiras disfarçá-las, porém, acabou por entregar os pontos, já que estava carente, pela vida que estava levando com a sua verdadeira esposa Carlota...
Emocionado, pergunta:
- Clarice, diga-me; o que houve com você?
- Não lhe interessa...
Frank, apesar dos pesares, colocou-se no lugar de Clarice, refletindo sobre aquela situação medonha, e pensou em ajudá-la.
Com um pouco de esforço, apesar da gozação que sofrera através de insinuações de seus colegas, que bebericavam com ele naquela adega onde deu seu reencontro com Clarice, e levou-a para um de seus estábulos lá da sua fazenda.
Nem todos, Joaquim também ficou com seus olhos verdes marejando, diante da pobreza humana.
Cujo estábulo era uma verdadeira residência, pois, seus cavalos eram tratados a pão de ló!
Observação: Frank fora um verdadeiro nababo - magnata e outros adjetivos importantes à esta vida de pobres mortais...
Às escondidas começou a tratar de Clarice, correndo o sério risco de ser descoberto pela família.
E, não deu outra, certa feita, estando a dialogar com Clarice, chega sua caçula: Anita Garibaldi, e foi o maior escândalo da paróquia.
Até porque, Clarice se revelou desequilibrada pelo uso das drogas, dizendo algumas palavras ofensivas à Anita, que tinha o sangue quente e imbuída de grande ciúme do pai foi ao revide.
Aquele qüiproquó atraiu toda a família, que indignada queria linchar a pobre Clarice, que estava restabelecendo-se de seus vícios, através de um grande psiquiatra local, que constantemente visitava-a no estábulo, que a esta altura do campeonato, já era um lugar mobiliado e luxuoso.
Na realidade, rapidamente o local foi transformado em uma residência, sem que o pessoal da família se apercebesse daquela movimentação, já que distanciava da casa sede... localizando-se perto da casa de alguns colonos que, mantinham o segredo com o peso de perderem seus empregos, e abafavam o caso com a somatória de dinheiro em feitio de favores... sabe, aquele favor sutil, como se o carroceiro batesse na cangalha para que o burro entendesse...
Falou-se em divórcio e outros babados mais, porém, o canastrão era realmente bico-doce de primeira, e acabou por convencer o pessoal de que aquilo era pura filantropia, explicando os fatos ocorridos com a vida da moça etc...
Propuseram uma internação em uma entidade de dependentes químicos à ela, mas, Carlota, a matrona, apiedou-se de Clarice e propôs ajudá-la, nem imaginando a safadeza do marido que, já estava deveras apaixonado perdidamente pela bela Clarice, enchendo-a de boas roupas, jóias etc...
Freqüentava sistematicamente a clínica do amante, até exercendo a sua profissão, já que Frank cuidara de toda sua documentação perante o Conselho e Ordem dos Veterinários etc...
Clarice era muito conhecida na cidade, por ser aquela repugnante criatura viandante, e pedinte maltrapilha.
Mas, um fato interessante acontecera, numa de suas idas à cidadela, onde era sempre execrada dos lugares pelos quais passava.
Frank, levava-a ao psiquiatra, que dela estava cuidando, além de suas visitas à fazenda no afã de vê-la curada, e mediante o seu enorme esforço, alcançou a respectiva cura de maneira fantástica.
Em conversa com o amado, Clarice pediu algo exorbitante a Frank, cujo pedido na realidade não representava nada para quem possuía heliporto e helicóptero e muito mais.
Era um desses dias claros, bem alegre, e Clarice quis tirar uma casquinha com a população que a via constantemente caída pelas sajertas das calçadas da cidade, e que até algumas carolas, senhoras ilibadas, e de profunda "piedade", porém, que pairavam sobre quaisquer suspeitas, em comentários profanos, apenando aquela criatura desregrada e sem respeitabilidade alguma.
Pediu-lhe, apenas um carro...
Tomou o BMW conversível do amásio, um belo carro importado, e do ano, e que pela primeira vez entrava na cidade pelas mãos de Clarice.
Clarice estava impecável, uma verdadeira dama...
Começou sua desforra pela loja majestosa de Jafet, de onde teria sido escorraçada por muitas vezes ao mendigar uns trocados, pois, seu Jafet havia mandado prendê-la no xilindró da cidade pela perturbação à ordem de seu magnífico comércio local, um magazine que era diariamente visitado pelos turistas de todo o mundo, pelos seus famosos antiquários, Jafet era um "um verdadeiro belchior de coisas raras, e não de velharias" como indica o verbete, era muito respeitado no seu metiê...
Jafet encontrava-se na porta principal de seu estabelecimento, recebendo cumprimentos de seus concidadãos que por ali transitavam, onde a calçada se alargava formando um estacionamento privilegiado à sua clientela.
Estaciona o conversível vermelho, cintilante de ofuscar olhares, e solícito o comerciante, cavalheirescamente vai abrir a porta para que a dama saia do veículo e, extático não acredita no que vê, parecia-lhe alguém muito familiar, acompanha-a adentrando o recinto comercial, pensando em fazer polpudas vendas àquela requintada senhora.
Jafet, queria reconhecer a formosa criatura, mas, de onde poderia ser...
Enquanto, Clarice lançava o maior desprezo àquele que já fora até prefeito da cidade, tal o seu prestígio.

CAPÍTULO 3

O CANDELABRO:

Clarice pensou em presentear Frank com algo inusitado, embora, fosse com o seu próprio dinheiro.
O candelabro era muito antigo, medieval, e iria cair muito bem ao castelo do amado Frank.
Era a relíquia da casa e, ninguém na cidade ousava sequer perguntar o seu preço, ficava entre quatro vidros blindados, realmente à sete chaves, guarnecido por moderníssimos alarmes, tal o seu valor histórico e artístico, era totalmente em ouro maciço.
Jafet, gastava uma nota com o seguro daquele cobiçado objeto, apesar de receber uma ajuda escusa da prefeitura da cidade, através de uma dessas leis infames que os caudilhos inventam para benefício próprio...
Cinco assaltantes foram mortos, numa ocasião de apropriá-lo.
Clarice acompanhada do avaro senhor Jafet, pára diante do candelabro e o analisa por alguns minutos, enquanto Jafet pergunta-se:
Será que esta donzela vai querer comprar o candelabro, ou, seria um golpe para um eventual assalto?
E, sorrateiramente liga ao delegado, que pessoalmente vem ao estabelecimento, discretamente acompanhado de alguns policiais à paisano, enquanto uma gerente de vendas, neófita no estabelecimento, tenta distrair a madama etc...
Quando o delegado depara com o velho rosto já muito conhecido por havê-la trancafiada por várias vezes atrás das grades da velha cadeia, fica pálido, e Jafet esmaece também, pois, o próprio delegado, sujeito parrudo e destemido, encontrava-se álgido diante do acontecimento.
- É, a bedamerda, Jafet!
Adjetivo criado pelo delegado...
Agora, cai a fixa de Jafet...
É, mesmo... doutor Mário!
Sim, mas, o que aconteceu com ela?
Enquanto os dois conjeturam sobre a misteriosa criatura, que ressurgira triunfante do nada, ouve-se sua voz em alto e bom som, fico com o candelabro.
Quanto custa, para que eu preencha o cheque?
Jafet se fez acompanhar do delegado, tomando uma posição:
Dona...
Clarice, meu senhor...
Este candelabro custa tanto... e acho que a senhora não vai querer despender de dessa soma, vai?
Claro que, Jafet estava desconfiadíssimo daquela venda, achando que se tratava de uma armação.
Sim... claro que vou, ele irá decorar o meu castelo, meu senhor!
O delegado pasmo, não sabia qual a atitude tomar.
Enquanto, imaginava: - Castelo?
A essa altura, Clarice já trabalhava veladamente nos bastidores, com Frank em sua clínica veterinária.
Preencheu o cheque, entregando-o juntamente com o seu cartão pessoal, e outros documentos de praxe, enquanto, os dois senhores ficavam boquiabertos com tal transformação e, não contiveram a curiosidade, inquirindo-a:
Queira me desculpar, eu sou o delegado aqui da cidade e gostaria de saber:
- A senhora é univitelina (gêmea idêntica)?
- Não sou gêmea idêntica, senhor delegado!
- Dona Clarice, a senhora é daqui da cidade?
- Sim, os senhores, têm memórias curtas, pois, quantas vezes vim aqui e... também fui encaminhada à cadeia pública, quando mendigava o pão pelas calçadas desta cidade...
- Os senhores não se recordam?
- Bem, espero receber a minha lumeeira em tempo hábil, já que faço o pagamento à vista.
O delegado não conformado com o que presenciava, ordenou a ela que o acompanhasse para uma investigação, enquanto, Jafet corria ao banco que ficava ao lado do estabelecimento para confirmar se realmente existia fundos aquele cheque.
Conquanto, o delegado preparava-se para inquiri-la, quando toca o telefone, era Jafet, querendo falar urgentemente com Dr. Mário.
- Dr. Mário, libere a mulher, ela realmente tem muito dinheiro e... o seu cheque tem cobertura para comprar a cidade.
- Mas, quem lhe deu essa informação?
- Meu filho, o gerente do banco, que acaba de fazer um levantamento em sua conta corrente.
Muito desapontado, o delegado pede desculpas a Clarice, dizendo ter havido um pequeno engano, e que ela estava liberada etc...
Só de marra, no exato momento de fechar o negócio, entra Dr. Gilberto, um advogado contratado por Clairice que naquele exato momento finge um desmaio, para envolver o delegado e o comerciante.
Água com açúcar, abanos e afins, fizeram-na voltar ao estado de vigília normal.
- O que houve com a senhora doutora Clarice?
Pegunta-lhe, o conhecido causídico da cidade.
- Não sei, somente me lembro ter sido ultrajada pelo doutor delegado e o senhor Jafet, pois, ofenderam-me, chamando-me de impostora...
- O quê?
Exclama o advogado, fazendo o maior suspense.
- Sinto-me, profundamente humilhada por esses senhores!
- Qual o motivo dessa humilhação, doutora Clarice?
Bem, agora o delegado e Jafet, ficam se indagando:
- Que raio de doutora é, essa mendiga?
E, o delegado Mário, comete uma grande besteira, indiciando Clarice por falsificação ideológica, pois, jamais imaginava que, Clarice defendia tese em medicina veterinária.
Com aquela autoridade policial, intima todos a comparecerem à uma oitiva na cadeia pública, e para lá todos se encaminharam.
Para resumir o assunto, Clarice moveu uma ação contra o delegado, e contra o comerciante, pois, ambos humilharam-na profundamente tempos atrás...
- Vingança, desforra?
Não se sabe, mas, o que ficou patente foi: o doutor Mário e o rico Jafet, tiveram de indenizá-la com uma fortuna, fato que deixou todos daquela cidade boquiabertos.
A matreira Clarice, havia contratado até um jornalista para fabricar aquela matéria, sem que ninguém soubesse nem mesmo o seu amado Frank, que substimava a capacidade mental de sua amante, porém, agora passa respeitá-la pela sua picardia.
Frank, se apaixona mais ainda por Clarice, uma criatura diferente.
- Quem diria, uma mendiga dando baile em aculturadas pessoas de uma sociedade...

CAPÍTULO 4

CARLOTA ENTRA EM DEPRESSÃO

Anita Garibaldi, já se acostumara com a idéia de seu pai até se relacionar amoravelmente com Clarice, e como boa arquiteta, colocou-se inteiramente à construção do castelo...
Carlota era professora na faculdade de medicina veterinária, na cidade vizinha, onde formou aquele pessoal, porém, antes de sua chegada como docente àquele magistério acadêmico.
Com os acontecimentos, a mestra Carlota entra em depressão profunda e, em suas saídas entre uma aula e outra ficou à mercê de um malandro, traficante, que a seduziu, e a drogou até que a fez dependente de cocaína.
Por incrível que possa parecer, infelizmente, é assim o funcionamento de nossa "bela" sociedade...
Alguns anos se passaram, e num lindo dia, quando fazia a feira, deparou-se com uma garota que ajuntava os restolhos do final da feira e, meio compadecida aproximou-se da jovem, perguntando:
- Como você se chama?
- Maria Clara, excelentíssima...
Carlota, inculcada com a resposta, triplica:
- Por que você me tratou de excelentíssima?
- Por quê?
- Muito simples, doutora Carlota, sendo a senhora livre docente de uma universidade, obviamente é uma Ph.D, e assim sendo, é defensora de tese, e por conseguinte, apenas dei-lhe o tratamento que a senhora se digna.
Caiu o queixo de Carlota, que se fazia acompanhar da reitora da universidade que, não deixando por menos, também pergunta à Maria Clara:
- Vocês se conhecem?
- Magnífica doutora Rosa, não pessoalmente, apenas pelas leituras que acostumo ver nas edições do jornal local...
Agora a reitora encafifada, pergunta:
- Você é formada em quê?
Não tenho formação empírica, doutora, tenho um velho a amorável pai, que insulou-se em uma caverna, quando do falecimento de minha genitora, e com quem vivo desde que me conheço por gente, e ele tudo me ensinou...
Carlota, muito curiosa, quis saber mais sobre o pai de Maria Clara.
Maria Clara contou às duas cultas companhias, um pouco de tudo sobre a vida de sua família, e que sendo filha única, preocupava-se com sua sobrevivência, e a de seu guru e pai: Melquisedeque.
Perguntaram-lhe sobre a origem daquele nome.
- Bem, excelências, Melquisedeque, é um importante personagem bíblico, ao qual o próprio profeta rendeu-lhe tributos, um mensageiro semelhantemente ao Filho do Homem, que se chama Jesus, o Cristo.
- Fala-se muito pouco sobre ele, mas, o pouco lhe atribui muita importância astral!
Carlota, iminentemente convida Maria Clara para trabalhar em sua casa, até que possam supostamente irem definitivamente ao castelo.
Responde-lha:
- Fico imensamente lisonjeada, cujo verbete não traduz boa maneira, porém, gostaria de dizer sobre a sua família, problemas campeiam à solta, e devo estar bem preparada para enfrentar situações difíceis, todavia, como já estou ciente de tudo, aceito, até porque tenho a anuência do meu amado guru e pai Melqui...
Então lhe diz Carlota:
- Não entendo bem o que você está dizendo...
- Entende bem demais, apenas está admirada pelo fato de estar por dentro dos fatos que ocorrem no seu, e agora, se me permite, nosso lar.
Marcaram data para que Maria Clara se apresentasse para as devidas considerações trabalhistas etc...

CAPÍTULO 5

A CONTRATAÇÃO

Carlota, falou tanto sobre os dotes de Maira Clara que, a família fez uma reunião para inquiri-la, e admiti-la como serviçal...
A princípio, ela causou espécie, pois, era dotada de certa precognição aguçada, e muito destemida, sua aura destilava segurança e ao mesmo tempo apreensão...
Ao ser apresentada a Frank, foi muito educada, mas, deixou escapar algumas palavras em forma de metáfora, que somente o canastra podia entender:
Prazer em conhecê-lo doutor Frank... é uma honra trabalhar na casa de quem foi aluno brilhante, e hoje renomado profissional, que cuida com muito desvelo dos animais.
Realmente acertou na mosca, Frank podia até não se afeiçoar muito ao ser humano, porém, aos animais tinha uma reverência fanática, e sempre fora o primeiro aluno de sua turma, etc...
Ao cumprimentar o primogênito João José, o agrônomo, referiu-se a ele igualmente ao pai, dizendo:
- Muito prazer, doutor João José, qual ao pai, vela pelas plantas, que são os seres que menos nos incomodam e nos alimentam, parabéns... embora, não se satisfaça com a belíssima profissão...
À Maria Joaquina, fez alusão ao amor que ela tinha pelo corpo humano, pois, era uma fisiatra...
Anita foi elogiada como arquiteta do belo castelo que se respaldava no local...
Mas, ao saudar o teólogo, Carlos Marcelo, deixou todos pasmos:
Congratulações, reverendo Carlos Marcelo, é uma pena que não goste do que estudou, porém, isso demonstra a sua evolução espiritual.
Carlos Marcelo, meio abespinhado, quis retorqui-la, mas, foi impedido com veemente desculpa dada pela inteligente frase:
"Aonde a honra vai, a humildade chega primeiro", segundo as palavras do homem mais sábio de sua época, o rei Salomão, frase que o senhor conhece como ninguém... posto ser grande admirador desse personagem eclesial e de sua sapiência.
Desculpe-me, se atrevi a entrar em um assunto embaraçoso ao senhor, já que o forçaram à essa nobre carreira, senhor Carlos Marcelo.
Mais do que uma doméstica, passou a ser conselheira de Carlota, e de toda a família.
Maria Clara fora um ser iluminado, que aparece no nosso caminho para nos orientar, uma missionária do bem...
Ao menos uma vez ao dia, era consultada:
Clara o que você acha disto, ou daquilo etc...
Após se passarem alguns dias, com muita sutileza e a sós com Carlota, surpreendentemente solta uma das suas:
Doutora Carlota, como vai Celestino?
Empalidecida, replica:
- Quem, não entendi?
- Desculpe-me, mas... a senhora entendeu muito bem!
Celestino era o calhorda que lhe fornecia a cocaína, e aquela pergunta veio estremecer a estrutura frágil daquela mente conturbada pela vida que estava vivendo com Frank.
Reconheço, sou muito jovem ainda para dirigir-me à sua sapiência, doutora, mas, apenas quero ajudá-la, sabe, tenho minha vida como missão, creia.
- Mas, o que você sabe sobre o Celestino, Maria Clara?
Muito e nada ao mesmo tempo, sei que representa um grande perigo à senhora, mas, não sei dizer o por quê...
Que alívio, é bom que você não saiba mesmo... nem queira saber...
Acontece que, logo mais, ser-me-á revelado em sonho, aquilo que considero anti-ético, ou anticosmoético...
Carlota, muito preocupada com o segredo, pergunta a Clara o que ela queria dizer com cosmoético e outras palavras como consciex, verbetes que nunca ouvira falar.
Com muita paciência a maga explica o mecanismo de suas viagens astrais, e suas fantásticas visões sobre o futuro etc... aventando sobre os pensamentos noéticos e elementais etc...
E, ainda faz uma macabra previsão em feitio de metáfora:
"Do amontoado de ferro que se levantou com a força do ouro, não sobrará pedra sobre pedra, que não seja derribada", referindo-se ao castelo.
Aquela parábola ficou martelando a cabeça de Carlota, e sempre pedia explicações a Maria Clara que, negava-se peremptoriamente a desvendar aquele enigma, dizendo:
- Quando isto estiver preste a se cumprir eu revelarei a senhora, e a quem quiser me ouvir, porém, nada poderá impedir, pois, a jactância do mentor da família será exacerbada naqueles dias vindouros.
Carlota, vendo que se cumpria as profecias de Maria Clara, um dia lhe diz:
Maria Clara, você me mete medo, e me faz relembrar as profecias de Nostradamus, sabia?
Não tema, nada de mal lhe acontecerá, apenas será mais uma lição na vida de todos nós.
Clara, faço questão de conhecer seu Melquisedeque, seu pai e guru!
Que pena, doutora Carlota, meu maior tesouro desencarnou-se a semana passada, ele já não está mais entre nós...
Mas, como... ele faleceu e, você nem nos disse nada?
Dizer para quê, a morte para nós, é como uma mera passagem, uma noite de sono, pois, vivemos mais em vidas paralelas do que nesta, propriamente dita...
Mais uma vez, não alcanço suas palavras!
Carlota às vezes pensava em insanidade sobre a maga Clara, ao mesmo tempo em que percebia nela um enorme equilíbrio e alegria de viver...
“Durma-se com um barulho desses...”

CAPÍTULO 6

A MORTE DE CELESTINO

A rivalidade entre traficantes acabou por culminar na morte de Celestino, portanto, acabou-se aquele canal de fornecimento de cocaína à dependente doutora Carlota.
- Ou, você está pensando que doutor não usa essa maldição que desequilibra e mata... constantemente os senhores doutos e cultos dessa sociedade hodierna e insana usunam-na desbragadamente...
Estatísticas afirmam que uma enorme quantidade de médicos são dependentes químicos, até porque... lidam, e manipulam fármacos, sinônimo pestilento de: drogas...
Sempre afirmamos: nada temos contra os dependentes, aliás, somos solidários às instituições que velam pelas suas curas...
Maria Clara estava ciente de tudo, sobre os problemas de Carlota e, dedicou-se de corpo e alma no auxílio à sua patroa, agora, mais amiga do que senhora, enquanto, a hipocrisia familiar velava pelo desconhecimento dos fatos.
Frank quase não parava em casa, os filhos tinham seus afazeres, somente Anita era a que mais permanecia por lá, até porque zelava, e muito... pela construção do castelo.
Maria Clara se viu em palpo de aranha, quando certa noite foi interpelada por Carlota:
Clara, preciso da sua ajuda, necessito da droga...
Clara era realmente solerte e, propôs claramente à Carlota uma ajuda contundente, conquanto, ela se entregasse aos seus conhecimentos...
Mas, que conhecimentos seriam esses?
Hipnose profunda!
Carlota, já não duvidava mais de Clara, já que presenciara prodígio emanados de tal criatura esotérica...
Devido ao seu estado depressivo, foi aconselhada por Clara, para que fosse ao psiquiatra e falasse sobre seus problemas, porém, ocultasse os assuntos: droga e hipnose.
Carlota foi tomando seus ansiolíticos, enquanto submetia-se às sessões hipnóticas ministradas por Maria Clara.
Um novo horizonte aparecia na vida de Carlota, que a cada dia que se passava, tinha Clara como sua melhor amiga e conselheira, na realidade uma irmã mais nova, porém, com muito equilíbrio e juízo...
Não demorou muito para que a família toda notasse a transformação na personalidade de Carlota, e sutilmente fizeram uma reunião familiar incluindo Clara, menos Carlota, e lá vieram as perguntas:
Estamos notando uma certa diferença comportamental em nossa mãe, e você que é a sua ama-seca, poderia nos dizer alguma coisa?
Era a fisiologista, Maria Joaquina que perguntava.
Poderia respondê-la à altura, mas, não o farei sem aquiescência de Carlota, já que sou colocada como sua ama-seca, e como tal... pouparia sua exposição de criança da mais tenra idade, que ainda, segundo seu adjetivo composto, amamento-a.
Os demais escutavam a tertúlia, com a admiração costumeira, quando, repentinamente Frank se exaspera:
Nem a mim, você vai responder?
Por que responderia, Frank, ela não está mudando para melhor?
Então deixe para quando ela restabelecer completamente a sua saúde psicossomática, então ela mesma lhe dirá...
Estou junto de vocês por alguns anos e, espero ter correspondido às suas expectativas, confiem em mim, e não se arrependerão, porém, jamais comentem com Carlota sobre esta nossa reunião!
Os dias se passaram, Carlota realmente modificou-se completamente, tornando-se uma amorável criatura, quanto consultaram a maga Clara, pedindo sua anuência para que reunissem e tocassem no delicado assunto.
Maria Clara conversou muito com Carlota sobre a sua cura, aventando sobre aquela reunião, e depois de uma preparação psicológica e várias sessões hipnóticas, marcaram a reunião para que se desvendasse o grande milagre.

CAPÍTULO 7

A REUNIÃO

Apesar de padre desistente, convocaram Marcelo para que formulasse as primeiras perguntas, com muita cautela, para não ferir Carlota na sua auto-estima...
Mamãe, reunimo-nos para lhe dirigir algumas perguntas, já que você sofreu mudanças radicais de comportamento.
Todos se surpreenderam com a resposta incisiva da matrona, que onusta da mais profunda humildade, disse:
- Minha família, maior riqueza de minha existência, quero abrir meu coração para vocês que me suportaram sem maior alarde a respeito do meu comportamento, às vezes alta hora da noite escapulindo-me ia à lugares tenebrosos, à cata de um papelote qualquer, ou melhor explicitando-me atrás de drogas!
Porém, Deus em sua grande misericórdia colocou no meu caminho, esta pessoa benigna chamada Maria Clara para clarear os meus passos, alumiando o meu caminho.
Esta pessoa tem a função mentora de nos indicar o caminho do bem, não seria hipócrita em tecer encômios à ela se não tivesse o digno merecimento, portanto, faço-o agora diante da família...
Anita Garibaldi toma a frente da fala, pedindo a respectiva licença e:
- Gostamos muito de Clara, mamãe, e já aprendemos a reconhecer seus dotes, tanto que, permanece entre nós até hoje, mas, você não respondeu a nossa pergunta por inteiro.
- Vocês me suportaram por todos esses anos e, não querem me ouvir, espere que chego lá...
- Deus dotou Clara com um poder mental, ou espiritual, ou sensitivo, ou sei lá o quê... que a faz uma pessoa especial, foi através dela que recebi a cura divina.
- Há um ano deixei meus vícios, até mesmo o tabagismo joguei no lixo...
Agora é a vez de João José, o agrônomo...
- Desculpe-me mamãe, mas, estou ficando ansioso demais, fale logo, resuma:
- Tá bem, João, então serei breve:
- Submeti-me à muitas sessões de hipnoses sob a égide de Maria Clara, e com o auxílio do doutor Valter, o psiquiatra, sinto-me sarada por completo.
Frank, pergunta:
- Como nós não soubemos desses tratamentos, sendo que, tentamos fazer você ver, por muitas vezes, que você necessitava de uma internação?
- Sob a orientação de Clara, ia ao médico com a desculpa de me encontrar depressiva apenas, tomando barbitúricos sob sua orientação, e submetendo-me as análises hipnóticas aplicadas por Clara, estou curada.
- Hoje não tomo nenhum tipo de remédio e, sinto-me uma nova pessoa que ressurgiu das cinzas, e quero testemunhar a todo o universo se me for possível, que fui dependente sim, e que para isso há cura, conquanto, haja desejo de se curar.
A família ficou pasma com a força corajosa da matrona, que estava sempre a tripudiar quem lhe atravessasse o caminho, porém, agora dobrava-se sob o jugo de sua fragilidade humana.
E continuou a falar:
- Somos humanos, meus filhos, pobres mortais, errantes neste pérfido mundo de ilusão, onde os nossos desejos ferem e maltratam sem misericórdia o seu próximo, mais próximo!
Esta última frase foi uma espicaçada ao esposo Frank, que amancebava escandalosamente com Clarice, que pelos alqueires da fazenda pervagava.
Eram muitos alqueires, perfazendo um total de 1000 alqueires com 1000 cabeças de gado, e duas minas de ouro e diamante etc...

CAPÍTULO 8

O TÉRMINO DO CASTELO

Após alguns anos de trabalho contínuo e árduo, lá estava o majestático castelo dos desejos...
Como já falamos, naquela enorme fazenda; hospedaria não faltava, havia casas e mais mansões e muitos serviçais para os cuidados normais etc...
Cada filho tinha sua bela casa, com o respectivo terreno murado, quadra de tênis, ou futebol, conforme o gosto de cada um, piscina e outros luxuosos confortos.
E até Clarice já possuía sua pequena mansão com todo o conforto, engravidada de Frank, já botava suas asas de fora, pois é... que poder tem um filho, mesmo antes de nascer...
Tudo isto para não falarmos em heliporto e outras pistas extravagantes para disputas automobilísticas etc...
O deslumbrante castelo aparentemente antigo por fora, porém, com a modernidade contemporânea no seu interior.
Chegou a hora de habitar o castelo, porém, nem todos quiseram para lá ir...
Porém, havia aquela profecia macabra sobre o castelo dos desejos, do qual vaticinara Maria Clara à Carlota e, que se fez ecoar a todos que escutaram, mas, não ouviram sobre a grande tragédia que estava preste a se consumar.
A ira de Frank se acende, já que era de pavio curto mesmo...
Falando em pavio, lembramos das jazidas do local que eram as meninas dos olhos de Frank...
Um homem inteligente e poderoso, fez uma burrada muito grande, pois, no subsolo do castelo construiu um cômodo para guardar suas dinamites as quais usava nas suas minas inclusive numa mina de carvão etc...
Tinha um fiel guardião, Jovino, um senhor forte e rústico pela lide do dia-a-dia, que tomava conta das bananas de dinamites... TNT - descoberta pelo sueco "Alfred Nobel" advindo daí o famoso prêmio que muitos "aculturados" chamam-no de Nóbel...
De que adianta ao homem os bens desta vida se lhe faltar o bem interior?
Ninguém quis acompanhar Frank ao habitar o castelo.
Frank fez daquele luxuoso lugar uma luxúria libidinosa plena; para se fazer uso do pleonasmo.
Começou a hospedar mulheres da vida, e vivia em orgia completa, fazendo uso do seu poder.
Nem Clarice quis acompanhá-lo, bem por isto engendrou vingar a todos com a sua concupiscência.
O seu castelo estava ruindo literalmente.
Jonas, filho de jovino, era um jovem audacioso que geria a cerâmica da fazenda.
Houve um entrevero entre o patrão Frank e o funcionário Jonas, que culminou numa luta corporal entre ambos, e fatalmente Jonas perdeu um de seus dedos, e a encrenca foi por um motivo de honra, pois, Frank mexera com a digníssima esposa de Jonas etc...
Jovino tomou enfaticamente as dores do filho e planejou uma vingança atroz.
O velho dirigiu-se até o castelo e procurou falar educadamente com Frank, que o distratou humilhando-o profundamente...
Aquele ancião... até que teve bastante consciência, esperando um dia em que não havia ninguém dentro do castelo, desceu até o seu subsolo e, simplesmente ateou fogo nas centenas de quilos de TNT e... pum... lá se fora o castelo todo derribado não ficando pedra sobre pedra, e o prejuízo fora de alguns milhares de dólares...
Jovino e sua família desapareceram, e nunca mais Frank pode encontrá-los, ficando com aquele prejuízo, e ferido na sua vaidade de ser humano petrificado pelos bens desta vida.
Assim muitos castelos desmoronam-se diariamente, somente prestarmos atenção nos acontecimentos humanos e nas suas maldades, e podemos verificar a queda do homem que peia-se em suas próprias vaidades...
E a vida continua construindo e derrubando castelos mundo afora.

Frank, era terreno sobremaneira, e seu pai foi um grande déspota, pois, ao ensiná-lo a viver, o fez trabalhar e estudar, desde seus 8 anos de idade, como se fora um nazista, seus sentimentos eram telurico demais.

Portanto, aqui vamos narrar a vida do genitor de Frank, Sérvio.

O pai de Frank

Esta obra quer demonstrar ao leitor, o valor desta vida, quando má administrada por espíritos tacanhos, que pensam apenas neste minúsculo ponto, chamado de planeta terra, um pequeníssimo grão de areia insulado nos confins dos universos, desprezando os verdadeiros bens de nossos universos internos, que obviamente residem dentro de nosso âmago, da nossa essência, onde mora Deus.
Temos de cuidar desta vida, é claro, porém, com certo equilíbrio de seres mortais, sem jamais temer a morte, já que ela não existe, é apenas um sono, onde dorme-se e acorda-se eternamente.

O déspota

Sérvio, ser humano despótico, grande empresário, extremamente materialista, egoísta, egocêntrico.
“O Cipó acompanha o pau.”
Talvez Sérvio não fosse tão maldoso, e sim produto do meio...
Sua mãe era bondosa, porém, seu pai, algoz, maldoso, etc...
Desse matrimônio nasceu Sérvio.
Como explicar uma criança que, judiava de animais inofensivos como gatos, cães, passarinhos, índole sangüinolenta.
Bem, criança, é criança acima de qualquer suspeita.
Na escola Sérvio fora um terror, brigava com todo o mundo, até que certo dia pregou a mão no rosto róseo e apessegado da bela e jovem professora, aos 14 anos já era um homem de 1,78m de altura e pesava 82kg, aquele tapa desferido sobre o rosto da professora Noêmia, custar-lhe-ía muito caro, pois, fora literalmente expulso da quarta série do grupo escolar.
Apesar disto e daquilo, tinha um vício, ler gibis, estórias em quadrinhos era o seu fraco, mas, como qualquer ser humano, tinha lá suas qualidades, a um ser humano plenamente materialista, queria porque queria, ficar biliardário e aquele seu desejo, fora funesto a ele e seus subalternos.
Sérvio começa bem debaixo, não tem quase nada de bens materiais, e sua vontade é a de subir à estratosfera mercantil sem se importar como.
Ser grosseiro e tosco, porém, trabalhador ao extremo, este dote ninguém podia lhe negar.
Possuía laivos de bondade, às vezes até se comovia, mas, em seguida se gaboleava de tudo o que fazia, era sempre o maior, postava-se sobre o pedestal da vaidade terrena.
Era Sérvio na terra, e Sérvio no céu...
Pobre criatura, desprovida de bom-senso.
Por ser óbvio, era honesto com aqueles que lhe provia lucros, a esses era escorreito em tudo, pagando-os com pontualidade britânica.
Mas, aos menos provido do vil metal e pela má sorte, virava-lhe as costas, somente quando este pudesse realmente lhe prestar algum serviço de muito interesse, com raras exceções reconhecia-lhe as boas qualidades.
Sua esposa vivia com ele pela mais pura conveniência, traindo-o vergonhosamente, e ele apesar de tudo, parecia gostar, até porque seu fetiche estava centrado na sua feiosa secretária a qual cuidava de suas finanças sob a égide de sua grande desconfiança.
Por tratar com bastante despotismo seus funcionários, um belo dia, humilhou Rodrigo, execrando-o ao pó, este funcionário era um desses bandidos anistiados pela lei, cumprindo sua pena em liberdade, conquanto tivesse o aval de algum empresário e, obviamente exercesse uma função na respectiva empresa.
Estavam presentes muitos funcionários, inclusive sua namorada, a qual também trabalhava na mesma empresa.
Rodrigo, já houvera cometido um latrocínio e, não era muito difícil para ele perder a cabeça e cometer algum mal contra seu patrão.
Desta vez, chorou perante toda aquela gente e, remou seu orgulho, porém, vingativo como era, alguma ele aprontaria com Sérvio...
Conrado, era um conselheiro de Sérvio, era um velho comedido, e ao assistir a cena da humilhação, logo que teve a oportunidade, aconselhou Sérvio, a não agir àquela maneira com seus funcionários, principalmente com Rodrigo, tendo em vista sua folha corrida, seu currículo era maculado por um latrocínio, que é roubo seguido de morte.
Sérvio até concordou com o ancião, porém, tentou explicar suas razões para tais atitudes, enquanto o velho fazia uma profecia óbvia: você fique esperto com esse Rodrigo, ele está ferido em sua alma, creia...
Passaram-se 6 meses, e uma noite chuvosa, Sérvio transitava com sua “Blazer”, carro de magnata, quando foi interceptado por um meliante que saiu do meio do mato e atirou no pneu esquerdo e da frente do seu carro, e pela sua velocidade, não conseguiu segurar o veículo na pista, indo capotar por várias vezes no canteiro central daquela rodovia.
Sua maior sorte, foi que imediatamente alguns carros pararam para socorrê-lo, enquanto o bandido evadia-se do local.
Graças à sua grande sorte, sofreu pequenas escoriações.
Noutro dia, quando esteve na empresa, chama o velho Conrado para lhe pedir conselhos, sobre o acontecido...
- Conrado, o que você acha do que me aconteceu ontem?
Responde-lhe o ancião:
- Sérvio, dê graças a Deus por estar vivo, não pelo capotamento que você sofreu, mas, por ter sido protegido daquela vingança, que estava na arma daquele facínora.
Retruca Sérvio:
- Então você acha, que o negócio foi encomendado?
- Acho, você tem humilhado muita gente, precisa parar com isso, pois, somos todos seres humanos, respiramos do mesmo ar, bebemos da mesma água, nascemos, crescemos e morremos, somos semelhantes em tudo, ninguém é mais do que ninguém...
Sérvio, pensa profundamente, enquanto Conrado espera um retorno despótico.
Até que, o velho retorquiu:
- E daí, o que você me diz?
- Digo que você está cheio de razão, e gostaria muito de me controlar, porém, quando me apercebo, já estou fazendo das minhas, humilhando e gritando com as pessoas, chego até me arrepender, principalmente quando você me alerta, bem... acho que sou assim, porque meu velho pai me tratava e maltratava assim também...
Finaliza o velho:
- Vou ser bem sincero com você, Sérvio, corre um sério risco de ficar sozinho no mundo, se não mudar a sua maneira de proceder, creia...

Déspota novamente:

Pena, é o adjetivo que se lhe encaixava perfeitamente, posto que até seus próprios filhos odiavam-no, então se pode sentir muita pena de seres humanos assim, os quais infelizmente neste mundo telúrico, existem aos montes, haja vista os acontecimentos de nossos dias.
Sua empresa fundamentava-se no ramo de papelaria, onde inciou-se seus primeiros dias como profissional de gráfica e papelaria, provando ser realmente terreno sobremaneira, mas, sua boca era lacrada, sua mente ricamente fértil à prática malévola, sempre de plantão atocaiando os incautos.
Tripudiava sobre seus empregados, mas, quando se tratava de alguém de seu nível para cima, mantinha-se na mais pura hipocrisia.
Seu jeito matreiro afastava os mais espertos, até porque seu negócio era o de puxar o tapete daquele que lhe cruzasse o caminho.
Excelente gráfico, já ocupando o cargo de assessor de diretoria da empresa, pensava ele, um dia ser o dono daquela indústria de grande porte.
O diretor comercial e o financeiro eram pessoas experientes, vividas, debalde não ocupavam cargos importantes, eram malacos também, haja vista que dois bicudos não se beijam, e sabiam em que pau podiam se coçar...
Veladamente possuíam a folha corrida de Sérvio, na qual se relatava suas mazelas pelos seus dias passados.
A bem da verdade, o que aconteceu com Sérvio foi o seguinte: garotão ainda, freqüentava uma certa casa de massagens, e tendo passado a lábia na dona do comércio de relaxar executivos exaustos de tanto ganharem dinheiro, passou a administrar o local, a casa possuía 30 massagistas, lindas garotas selecionadas a dedo, geralmente advinda de longe, e ali trabalhavam para pagar suas faculdades.
Certa tarde ensolarada, atendeu um jovem que chegara em uma “Porche”, João Pedro, 26 anos, puxava a perna direita, e apoiava-se numa bela e rica bengala, trabalhada em prata e ouro, tinha de tudo na vida, porém, carência sobejava àquela nababesca criatura.
Sérvio, estava responsável por tudo naquela tarde, pois, Nádia viajara às pressas, sua mãe falecera a alguns quilômetros dali.
Nádia era realmente uma administradora assídua de seu rentável negócio, o qual proporcionava o respectivo prazer executivo.
João Pedro estava sozinho e, Sérvio foi recepcioná-lo, pois, notou estar diante de um figurão bem-sucedido, e ali vislumbrou a sua grande chance.
Dirige-se ao cliente, o qual nunca esteve no local.
- Boa tarde cavalheiro, em que posso ser-lhe útil?
Sérvio pensava rápido, e trocou o verbete ajudá-lo por ser-lhe útil, podendo lhe criar antipatia relativa ao defeito físico, do garboso jovem, por um mal entendido qualquer interpretado pelo verbo ajudar...
Replica-lhe educadamente João Pedro:
- Senhor Sérvio, antes de mais nada, estou chegando de longe, rodei o dia todo, portanto, desejo tomar uma sauna, e depois uma massagem, e com todo o respeito, quero que me escolha uma garota condizente ao pagamento que aqui farei, e não me deixo enganar, enxergo muito bem e, sei do que sou merecedor e, espero que o senhor tenha me entendido...
João Pedro, era um gozador, pois, sabia perfeitamente de suas limitações de Dom Juan de quinta categoria, e falava muito sério, para não ser uma pequena auto galhofa...
- Sim, excelência, sei do que o senhor é merecedor e, farei o melhor que puder.
João Pedro incomoda-se com o fino tratamento que lhe dispensa João Pedro e exorta-o:
- Senhor Sérvio, sou mais simples do que imagina, pois, chame-me apenas de João Pedro.
- Sim, João Pedro.
- Temos a mesma idade, assim se me parece...
- Certo, João Pedro, terá o que deseja, pode crer!
Sérvio, pessoalmente vai-lhe servindo os drinques caríssimos, então pensou, em ganhar a consciência do ricaço jovem, fazendo-se extremamente simpático àquela criatura estranha.
Realmente Sérvio assemelhava-se demais ao senhor Hércules, pai de João Pedro, graciosa criatura que muito fizera pelo filho, quando cultivava corridas de carro, aliás, João Pedro era exímio corredor, mas, num grave acidente quase perde a vida, ficando com aquela seqüela na perna, resquício de um batida, lembranças de sua paixão.
Houve uma enorme empatia entre as duas criaturas, João Pedro ficava abismado com tais atitudes e aparência física de Sérvio, era o seu pai escrito.
Analisando por este prisma de neuro-associação mental, podemos entender que, muitas pessoas se unem pelo carisma particular, ao se apaixonarem por alguém, qual tenha muita semelhança generalizada com a professora-ídolo de seus primeiros dias de infância...
Ou, com pessoas que, já há muito tempo se encontraram em vidas pregressas.
No momento da sauna, Sérvio fica surpreso, pois, João Pedro o convida para participar de uma conversa informal sobre aquele ambiente.
Sérvio, pensou um pouco, e achou que fugiria à sua ética profissional, pois, não seria de bom alvitre misturar-se com os deleites de seus clientes, mas, como estava comandando a casa naquela tarde, não pestanejou e respondeu:
- Sim, não vejo nada que possa me impedir...
Ambos na sauna, travam conversas sobre aquele tipo de negócio, e Sérvio percebe que João Pedro faz pesquisas sobre casas de massagens no elã de abrir uma rede...
Houve grande empatia entre os dois, a ponto de João Pedro convidá-lo para administrar o futuro negócio, e Sérvio não titubeou, conquanto, João Pedro mantivesse o maior sigilo possível sobre toda aquela conversa.
Sérvio, chamou Cris, a garota mais inteligente e sedutora da casa para a devida massagem a João Pedro, dizendo a ela a importância daquele jovem ricaço, portanto, que o fizesse feliz.
Cris, realmente fez até mágica e, o magnata se apaixonou por ela, talvez por algum fetiche especial e o mesmo foi correspondido por Cris.
João Pedro, chegava a rodar 150km para se encontrar com Cris, e conversar com Sérvio.
Agora Sérvio já estava a par das indústrias gráficas de Hércules, da qual João Pedro era o presidente.
João Pedro, quis tirar Cris daquela vida, mas, por associação mental, entre um cabaré disfarçado e a vida em comum com Cris, desistiu do negócio das massagens.
- O que faria agora ao amigo, pela consideração que se firmara entre os dois?
O jeito foi chamá-lo para um trabalho lá na matriz, junto à diretoria.
Após um ano de estágio remunerado, Sérvio começa a mostrar suas garras, puxou muitos tapetes de seus colegas até chegar a assessor de diretoria, principalmente para cuidar do fechamento de grandes negócios da empresa e, finalmente todos eles passavam pela sua aprovação.
Aproventando-se de muitas oportunidades, praticou negócios milionários e escusos, desviando para si grande soma de dinheiro, e com isso pôde abrir a própria empresa em nome de dois laranjas (sócios) os quais entraram com seus nomes e parte do capital social...
Sua empresa crescia à sombra da empresa de João Pedro, enquanto, o velho Hércules, às vezes insinuava algo sobre a honestidade de Sérvio.
A bem da verdade, era inegável a capacidade de Sérvio como profissional, que o colocava ao agrado de João Pedro que, até dizia que houve um progresso estupendo com a vinda de Sérvio à empresa gráfica.
Sérgio muito solerte, foi voluntariamente até João Pedro e abriu o jogo:
- João Pedro, somos bons amigos, mas, vou ser bem direto com você sobre o assunto que aqui me traz.
- Pode falar.
Replica-lhe o presidente João Pedro.
- Vejo, que os meus dias na empresa estão contados, e usando o bom-senso, venho lhe porpor uma parceria, se você ainda não sabe, a empresa: Paper Line, é praticamente minha... Embora, esteja em nome de meus sócios minoritários, bem temos um amplo espaço e pederia a você suprisse esse espaço com suas mercadorias em consignação.
- Que tal?
Vou pensar, meu amigo, até acho que o sol nasce para todos e você me merece toda oportunidade...
Resumindo, a proposta de Sérvio foi aceita e dentro de uma década a empresa tinha 11.000 funcionários diretos e indiretos, posto que a sua ambição era tamanha que, acabou desposando uma arquimilionária senhora de 75 anos de idade, no mais degradável interesse monetário, essa senhora era literalmente só, enviuvara muito cedo e seus filhos e esposo foram vítimas de um acidente fatal, com muito esforço tocou todos seus negócios até aquela idade em que veio se casar com o ambicioso Sérvio, daí por diante uniu-se a fome com a vontade de comer e, Sérvio assenhorou-se de tudo tornando-se mais ainda, obsecado pelo trabalho, além de muquirana, não comia a unha porque doía...
O tempo passou, até porque ele é implacável, mesmo sem herdeiro para solapar sua enorme riqueza armazenada, seu império foi ruindo, como é normal acontecer nas vidas das pessoas apegadas aos bens da matéria, como aprendizado, seus assessores o roubavam escandalosamente.
Sérvio, perdera o controle do seu império, e já não mais dormia preocupado com seus negócios e, acabou perdendo 90% de seus bens, mas, ainda lhe restou um prédio de muitos andares e de esquina, exatamente onde nascera o seu império, agora que sua esposa já há muito tempo falecera, e que chegara aos 65 anos de idade, trabalhava no piso térreo em uma loja de ferragem com o ampoio de Jaques, seu mais fiel colega de infância, porém, de braços curtos, quase não gostava de trabalhar, porém, era de uma honestidade à toda prova.
Hoje, quem entra no seu estabelecimento nem de longe imagina que aquele enxovalhado balconista é o dono e, já fora um imperador do mundo mercantil.
Quando vai almoçar nas imediações, divide as despesas com seus amigos, que o chamam de Mão de Vaca.
Continua um sonhador aquinhoado, porém, escravo do dinheiro, nem suas cãs existem mais, pois, tornou-se calvo.
Na verdade, encontra-se muito doente e já revelou ter providenciando um testamento para deixar a metade de seus bens ao amigo Jaques, que ainda resiste ao degaste do tempo, e o resto para o governo.
Sérvio é demasiado terreno, nunca pensou em dedicar um tempinho aos assuntos de Deus, ou da vida pós-morte, a sua ignorância é tamanha que, quando alguém entra no assunto, ele ironiza:
- Não tenho tempo para besteiras, tudo o que pode me ajudar é somente o dinheiro.
Há pouco tempo uma trombose lhe atacou a perna, que o fez lembrar de João Pedro, e foi necessário amputá-la, então começou a perceber que seu dinheiro não podia lhe salvar a saúde ou a vida.
João Carlos, um ex diretor da gráfica da Paper Line, foi espezinhado, humilhado, e até execrado do seu cargo, por Sérvio, deixando-o na rua da amargura, com dívidas e uma família numerosa para cuidar.
O tempo passou, e num belo dia, João Carlos empresta uns trocados de seu imão, com o pretexto de comprar algum alimento, e fez o seu primeiro jogo de lotéria de sua vida e, simplesmente ganhou sozinho um prêmio de há muito tempo acumulado.
E, para ironizar a situação de seu desafeto, mandou fazer um par de muletas, totalmente revestida com notas de 100 dólares, e mandou um mensageiro entregar pessoalmente a Sérvio, sem identificar o doador.
Porém, tomou o máximo de cuidado, colando pessoalmente os dólares, de modo que ficou impossível de destacá-los, para desespero de Sérvio.
Mal sabia ele que, um dia bem próximo na ausência de Jaques, seu lacáio, iria sofrer uma síncope irreversível e sucumbiria para sempre.
Façamos de conta que isto aconteceu há um mês, então será assim:
Lá no seu costumeiro balcão, agora caído pelo lado de dentro, não podendo mexer um dedo sequer, e sem perder o sentido, tentava pedir socorro aos seus funcionários, os quais riam e comentavam entre si:
- Ninguém, põe a mão nessa calhorda, é bom que morra, seu Jaques é bem mais humano que essa besta, e ouve-se dizer que irá receber isto tudo por herança, então teremos um melhor patrão.
Sua sorte foi que, Jaques chegou logo naqueles momentos e o conduziu ao hospital.
Em seguida, Jaques fez uma reunião perguntando aos funcionários porque não o socorreram, e a resposta foi:
- Seu Jaques, ele tinha acabado de desmaiar quando o senhor chegou, graças a Deus.
No hospital entrou em coma profundo e pôde vislumbrar seus feitos e seus futuros resgates humbralinos.
No mundo astral não existe o tempo cronometrado...
Um mês de coma profundo, entrou num túnel muito escuro, e ao longe podia enxergar um pequeno ponto de luz, endereçou-se em direção ao ponto, porém, a dificuldade lhe era por demais dolorida, o calor era insuportável, e o odor muitíssimo desagradável, enquanto tentava caminhar, seres hopilantes e com vozes estridentes quase o impediam de avançar, e pergutava-se onde estaria e por que estaria naquele assombroso lugar e de quem eram aqueles gemidos.
Uma voz muito contundente e triste se lhe fez ouvir:
- Sérvio, se mostrássemos estes seres a você, seu sofrimento seria insuportável.
A demora, a fome, a sede, o calor foram realmente alucinantes até que o ponto fora se aproximando paulatinamente até que chegou à porta de um enorme túnel e além dele era um lugar encantador, muito bonito de onde podia-se escutar um som mavioso aos ouvidos tão dilacerados pelos grunhidos de dentro do túnel.
Ao longe da entrada do túnel ele pôde vislumbrar várias pessoas que lhe acenavam e mencionando seu nome, lhes diziam:
- Sérvio, jamais esqueceremos de você, pode crer!
Naquele exato momento, volta do coma. tendo o fiel Jaques ao seu lado, que eminentemente toca a campaínha, chamando o médico e enfermeira, dando a boa-nova de sua ressurreição, já que estava desengado pelos médicos.
Mais alguns dias até se adaptar à prótese moderna de titânio, continuou a trabalhar, mesmo contra a indicação médica, escumungando quem lhe enviara como presente as muletas revestidas de notas de : 100 dólares.
Sérvio teve a grande oportunidade de vislumbrar o seu futuro, porém, escolheu continuar com sua velha hipocrisia de se achar um eterno telúrico cego, sem querer enxergar que seus dias estavam contados.

Rodrigo assassina Sérvio

Há sentimentos que ficam gravados nas cabeças vingativas, como e a de Rodrigo, depois, daquele acidente, Sérvio chama Rodrigo e na presença de 80 pessoas, insinua que, foi ele que pranejanara aquele atentado contra sua vida...
Rodrigo, ficou mudo, sem esboçar qualquer reação... fato que deixou Sérvio mais cabreiro ainda.
Interessante que, com o passar dos dias, Rodrigo, passa a namorar a secretária de Sérvio, e macomunados, tramam um fim muito triste a Sérvio, Carlota tinha muito ódio de seu patrão, pois, passara por muitas humilhações nas mãos daquele animal chucro.
Sérvio, tinha uma linda vivenda de campo, e passava quase todos os fins de semana naquele paraíso, e um belo dia, deu uma festa aos seus empregados...
Terminou a festa e, o casal maquiavélico: Rodrigo e Carlota, se atocairam nas restingas por perto da casa, de onde podiam vislumbrar as movimentações de Sérvio e sua amásia.
Era dez horas da noite, (22 h) quando ficaram sozinhos na mansão, após saírem os últimos convidados, Sérvio e sua amante foram supreendidos pelo casal de empregados que renderam-nos, deixando amarrada dentro da casa a amante e, baldearam-no pela estrada até chegarem num enorme canavial, desses que abastecem usinas de açúcar e alcoól e, judiaram de Sérvio até à sua morte, e depois, colocaram o seu corpo no seu BMW, e atearam fogo.
Em seguida, o casal de assassinos foi se entregar à polícia local.
Agora, Frank e seus irmãos teriam de continuar com a vida...

Assim, existem muitos Sérvios por este nosso mundo, seres humanos com pés nas covas, mas, não deixam as suas pobrezas de meros sonhadores mortais, desorientados pela matéria que desaparecerá como a flor da erva.
São verdadeiras topeiras que deixam passar a oportunidade de resgatar seus feitos.

Assim como Sérvio era maldoso sobremaneira, o nosso proximo personagem era inocente, ou sem maldade no coração...

Três aventuras que, nos fazem ver os níveis do ser humano em suas peculiaridades de vida...

Domingo o Dia D

Com o nascer, e o pôr do sol, inventou-se o dia e a noite, e por conseqüência, a semana, o mês e o ano...
Criou-se também a hora, subdividindo-a em minutos e segundos...
E, assim criou-se o grande mal do condicionamento moderno do homem, cheio de muitas preocupações.
Até ser criado o provérbio popular:
“Tempo é dinheiro”.
E, a vida humana por ser muito curta, realmente àquele que desejar fazer fortuna, tem de correr contra o tempo e seus percalços.
Não vamos misturar o bom-senso de ser bem-sucedido, com a avareza de guardar riqueza que não venha ter serventia, ou utilidade ao seu guardião, e a outras pessoas, posto que, este não passa de mais um ignaro usurário (mão-de-vaca) perdendo literalmente o seu tempo aqui neste mundo de aprendizado.
Então, pode-se ganhar tempo-dinheiro e, perder-tempo dinheiro, dependendo do entendimento de cada um de nós humanos.
Entre os dias, ficou avençado que o domingo seria o dia de se descansar, porém, não é bem o que ocorre, até porque antecede a segunda-feira, a traumatizante segunda-feira, o início da batalha, daí se dizer: síndrome da segunda-feira.
Nos dias hodiernos o tempo é crucial ao homem, o qual corre contra seu próprio relógio, sua máquina de controlar seu tempo, ou seja haja freio ao seu mundo desenfreado.
Pensemos um pouco, quanto mais nos distraímos, mais rápido passa o tempo, esta é uma impressão lógica.
Os momentos prazerosos passam mais rápidos do que os dolorosos...
Domingo é o dia... assim brincavam com Domingo Reis, caboclo marrudo, daqueles que são sérios demais e, não gostam muito de brincadeiras.
Se existia uma brincadeira que ele odiava, era esta embutida nesta frase:
“Quem morre no sábado, enterra no domingo” – aqui fica claro que existe um chiste (malícia) libidinoso, suficiente para irritar o nosso Reis, que fazia a maior questão de ser chamado assim, pelo nome de família.
Trauma este, que carregava consigo desde a mais tenra idade, quando lhe tiravam sarro de sua cara com esta frase, e dizia odiar toda a palavra que terminasse em ingo.
Pois, lhe soava provocativa...
E seus amigos, sabendo disto, tinham motivo de sobra para aporrinhar-lhe a idéia fraca de Domingo Reis.
Notemos que, ao lermos um livro que possa nos interessar, se nos parece que o tempo passa com maior rapidez, isto procede, de certa forma passa mesmo.
Esta briga entre esta trilogia: homem-tempo-espaço, é antiga.
Domingo Reis, era freqüentador assíduo de um bar onde tinha a sua maior diversão: o jogo de bilhar, e todos os domingos, lá estava Domingo gastando todo o seu salário no vício de jogar bilhar.
Os gozadores, usavam sempre o sufixo ingo para lhe tirar uma casquinha com o irritadiço cidadão e, logo soltavam algo assim:
- Olá Antonio, como vai ingo?
E, a resposta era mais irônica ainda:
- Vou ingo muito bem, obrigado!
Essas palavras doíam-lhe na alma.
Mas, ele se fechava em si, se fazendo de trouxa, e nada expressava contra a suposta gozação de seus colegas de sinuca.
Certa tarde de domingo, quando Domingo Reis jogava uma partida de bilhar, apesar de viciado, era ruim mesmo no jogo, no entanto, com ele jogava alguém estranho, de fora do local, mas, o estranho era um jogador profissional, que permitia a Domingos Reis ir ganhando as partidas, estratagema de um sutil jogador profissional mesmo, preparando-lhe o bote para as últimas partidas, pelo qual Domingos Reis perderia até as roupas do corpo.
A platéia ía chegando, e Reis, já estava todo garboso, nunca fora tão assediado àquela maneira, e a notícia estava correndo no pequeno povoado, Mingo Reis já estava ganhando 10 partidas de um jovem estranho.
Naquela aldeia não tinha outra diversão, além das três mesas de bilhar nas quais ninguém perdera jamais para Mingo Reis.
Quase 50 pessoas já disputavam uma vaga para ver Mingo Reis jogar, algo que se contradizia ao normal, mas, sempre se torce pelo local, alguma coisa de sentimento de patriotismo, bairrismo, sabe-se lá o quê.
Lá pelas tantas, o jovem de 28 anos que jogava desde seus 9 anos, conhecido por Sinuquinha, fora treinado pelo seu pai, um grande campeão, jogador inveterado, chamado Mendes, incentivou o filho a ser o maior jogador do país, um verdadeiro campeão.
Benedito, era o nome do tal, e apresentou-se ali com humildade de um “Dito”, e toda sua simplicidade era baseada na técnica de Mendes, seu velho pai, que sempre lhe dizia:
- Dito, jamais menospreze o seu adversário, e seja o mais simples possível, como quem não quer nada, chegando passar até por simplório, porém, jogue para ganhar...
Os humildes aldeões estavam boquiabertos, pasmos, já que Mingo estava ganhando de 10 partidas a 0, e o mais curioso era o valor de cada aposta.
Era um dinheiro razoável, Domingos Reis, estava apostando toda suas férias, mais o salário do mês e um equivalente ao 13º salário...
Mas, chega a hora de Dito jogar pra valer, pra ganhar mesmo!
O vilarejo situava-se numa cordilheira onde raramente aparecia estranho por ali.
Porém, lá estava Dito, e seu caso era o seguinte:

A Excursão:

Dito, fez uma excursão solitária, e como se fosse uma pipa levada pelo vento, como um barco sem timoneiro, ao sabor das ondas do mar, e divagou muito por entre árvores e riachos, ficando assim perdido por dois dias, e duas noites, subindo e descendo clareiras até chegar ao vilarejo, logo naquele domingo de manhã.
Era um jovem acostumado carregar um bom dinheiro em nome de suas apostas no jogo de bilhar.
Ao chegar procurou um bar, aliás, o único para comer e beber alguma coisa, posto que estava morto de fome.
Chegou na Mercearia da Aldeia.
Dito, vivia literalmente do jogo, conquanto, nem sempre na vida se ganha, às vezes se reganha.
Vinha de uma derrocada nunca vista por ele, perdera nada mais nada menos que a sua casa para um jogador que estava para tirar sua desforra, pois, muito dinheiro já havia perdido para Dito.
Este seu adversário, foi aprender a jogar a tal sinuca em outro país, e voltou com a corda toda, era um filho aquinhoado pela sorte de ter como pai, um dos empresários mais rico da região.
No caso em pauta, o que estava falando mais alto era o orgulho ferido do jovem magnata.
Certo dia, num bar da cidade, Dito fora provocado por Didi, um jovem “play boy” da cidade, filho do ricaço empresário, Dito, ainda namorava Polaca, sua esposa, e se fazia acompanhar de sua amada, sentados tomavam seus “drinks” apar de algumas mesas de sinuca e, a provocação foi bastante contundente, disse Didi em voz bastante clara e alta:
- Aqui tem algum homem, que se habilite a jogar sinuca comigo?
Enquanto agredia praticamente com suas ferinas palavras, mirava o olhar em direção de Dito e de sua namorada.
Dito conjeturou com Polaca:
- O que estaria querendo esse almofadinha, Polaca?
Continuou:
- Seria uma provocação a mim?
Polaca, era muito forte e nervosa, e já estava querendo tomar as dores de Dito.
Dito, sempre muito calmo, fez-se de surdo aos insultos, porém, Didi não conteve-se e foi até a mesa do casal, e lhe diz:
- Ei, você não é campeão dessa encrenca, por que não se manifesta, ou está achando que não sou páreo para você, campeãozinho de merda?
Polaca, foi até uma das mesas, enquanto, Dito e Didi discutiam, e passou a mão num taco e, sentou-lhe o taco na testa, e Didi caiu estrebuchando-se no chão do bar, em estado convulsivo.
O próprio Dito o socorreu, levando-o até o hospital, e com o andar da carruagem, foram até a delegacia tratar do Boletim de Ocorrências etc...
O jovem Didi, ficou com a testa amaçada, literalmente...
Desculpas daqui, desculpas dali, e ficou o dito pelo não dito e deu tudo em nada perante a justiça...
Didi, começa a perseguir os passos de Dito, até que um dia o pegou jogando num lugar de profissionais, e educadamente aproximou-se de Dito, propondo-lhe uma disputa pra valer grana, até porque o jovem tinha dinheiro pra jogar no lixo.
Dito, como jogador e campeão não perdia tempo, jogava somente a dinheiro mesmo... e aceitou a proposta do jogo.
Acontece que, Didi, era um engenheiro formado nos Estados Unidos, onde praticou a vida toda de estudante o jogo de “Snooker” e, fora campeão na sua Universidade, e estava até se tornando famoso por lá, mas, como filho único e já formado, juntando mais o falecimento do seu pai, teve de voltar à sua origem para conduzir os negócios que o genitor lhe deixara como herança.
Porém, achava que, no seu país não existia ninguém que pudesse vencê-lo com um taco na mão, a não ser Ismênia, a Polaca, que o abatera por completo com aquela tacada em sua testa...

A PARTIDA

Começa aquela partida e, o malandro do Dito Sinuquinha, deixa Didi ganhar as primeiras partidas e, depois parte para finalizar o jogo, ou os jogos daquela noite, onde ambos vararam a madrugada, e o engenheiro Didi perdeu muito dinheiro para Dito que, já era conhecido campeão no seu país.
Didi, não se conformava, se achava invencível naquele tipo de jogo e, sempre queria ir à desforra, e Dito até que gostava, pois, já estava ficando meio rico, sempre ganhando de Didi, porém, quando a aposta não era muito grande ele até perdia, para fisgar mais uma vez Didi, que estava cego, sem se aperceber da picardia de Dito.
Didi, sumiu por uns tempos, e Dito até estranhou a falta do jovem engenheiro.
Após, alguns meses, ressurge Didi, e mansamente se aproxima de Dito e lá se vão para novas partidas.
Desta vez, Dito caiu do cavalo, se deu muito mal...
Ao perder um bem tão imprescindível de sua família, comprara a maior encrenca com Ismênia sua esposa, êta Polaca braba... também pudera, perder no jogo aquilo que demais necessário há na vida de um ser humano, vamos e venhamos...
A perda da residência, alvoroçou a polaca que lhe quebrou a cara, apanhou da mulher até dizer, chega.
Ela fora jogadora de basquete, na sua querida terra, a Polônia, de onde viera com seus 18 anos de idade e logo se casara com o jovem campeão.
Ismênia, ainda por cima, esperava seu primeiro filho.
Embora, fosse uma jogadora de primeira linha, somente pelo mesmo verbete ser pronunciado, ela se enloquecia ao ouvir “jogadora, ou jogador” e podia ser de qualquer modalidade, após, este acontecimento, deixou de ver até televisão e seus comentários esportivos que, outrora adorava.
O subterfúgio de Dito, foi exatamente aquela nefasta excursão solitária com a qual acabou dando com os burros n’água.
Antes de excursionar, tentou recuperar sua casa no jogo de bingo, o que foi pior ainda, perdeu mais dinheiro.
Polaca, apesar dos fatos ficou desesperada com o sumiço de Dito, já que não lhe dissera para onde ia, apenas escafedeu-se.
Polaca, fez o Boletim de Ocorrêcias, o conhecido B.Ó., anunciou nas rádios o desaparecimento de Dito, posto que já fazia alguns dias de seu sumiço, e aquele vilarejo distava de sua casa apenas uns 30 km .
Dito quis correr de seus problemas e tomou um ônibus, já que no afã de resgatar sua casa, acabou perdendo também seu carro, Polaca quando soube do sucedido, sofreu um desmaio e quase abortou, porém, sendo uma mulher muito forte resistiu o bastante para quebrar a cara de Dito, logo que deixou o pronto socorro da cidade.
Conforme o jogo andava entre Mingo e Dito, ocorreu um pensamento na cabeça de Mingo, sobre o seu adversário, e se ele estivesse adotando a mesma estratégia sua...
Então pensou:
- E se esse cara for bom mesmo, posto que nunca vi tanta gente para assistir uma partida, principalmente num recanto tão retirado assim...
A bem da verdade, Dito já tinha colocado quase todo o seu parco dinheiro nas mãos de Mingo, estava na hora de reagir e pegar o pato pelo rabo.
Em contrapartida, pensou: será que ali ele podia tirar ao menos um décimo do que havia perdido para Didi...
Naquela altura, chega Zeca Bastos, esse sim era dono de mais 1000 alqueires, o mais rico fazendeiro daquelas imediações, com outro tanto em cabeça de gado, e ao chegar foram lhe abrindo ala, e aquilo deixou Dito meio apreensivo.
Zeca, ali aparecia ao menos uma vez por mês e, aquele dia foi sorteado, a aldeia ficava redeado pelas suas terras, e aquele pessoal dali quase todo trabalhava na sua fazenda, portanto, muito fazia para conservar aquele local, cuidava dali mais até que a própria prefeitura.
Zeca Bastos, tinha o maior orgulho daquele encantador lugar, já que ali nascera nos tempos que a sede da fazenda de seu pai ficava no centro da aldeia, e lá estava o antigo casario com os apetrechos da família, como se fora um museu tombado como patrimônio histórico.
Zeca tinha já seus 70 anos, mas, não parecia, era determinado e honrador de sua palavra com os fios de seu bigode branco.
Ao chegar vai logo perguntando:
- Alguém morreu por aqui?
- Qual o motivo desta aglomeração?
Porém, quando se aproxima dos dois jogadores e se depara com Mingo, seu querido cozinheiro, empregado da sua própria cozinha, fica perplexo ao vê-lo ganhando do jovem jogador de 11 a 1.
Educadamente, Zeca encosta no balcão, era o velho e conhecido veterinário, que trabalhava para si próprio cuidando de seu rebanho, e pede um “whisky” que lhe era guardado especialmente para quando por ali passasse, aliás, era o melhor, importado.
Adorava chegar ali, onde passava várias horas, posto que sua esposa, bem mais nova, implicava, e muito com suas bebericagem, fato que o fazia subir a aldeia.
Ao chegar com sua camioneta importada, Dito o campeão, ficou com saudade da sua, era quase uma réplica e agora já não a tinha mais.
Zeca, estava impressionando o campeão com sua fala enfática e alta.
Após tomar umas e outras, dá a louca no velho que brada:
- Estou a fim de apostar no Mingo, meu cozinheiro, quem me acompanha, ou me desafia?
Dito, já estava sem grana, esperava dar a volta por cima, mas - diante da situação o que ia fazer?
O jogo continuava e, Dito fez questão de perder mais uma partida, o que atiçou mais ainda o egocentrismo de Zeca Bastos, até porque o seu problema não era o dinheiro e sim seu status de cavalheiro mais importante do lugar.
Dito, humildemente acompanhando o tratamento que é dado a Zeca Bastos, lhe diz:
- Com todo o respeito doutor, continuo o jogo se a mim me for dado o privilégio de apostar em mim também, e começo logo pela sua camioneta, e quero lhe dizer que, nada tenho para lhe oferecer como recíproca dessa minha única partida.
Dr. Zeca, fica meio ofendido, pelo desafio do jogador que ali nem era conhecido e aceita aquela aposta.
Quando termina o acerto, ouve-se no rádio uma notícia interessante:
Amigos ouvintes, comunicamos o desaparecimento de Banedito Mendes, conhecido pela alcunha de: Ditinho da Sinuca, ou Sinuquinha, após perder sua bela residência e sua camioneta numa partida de “Snooker” sumiu abandonando sua desesperada família, por hora é só, e quem souber de seu paradeiro, por favor, comunique-se conosco pelo telefone tal...
Enquanto, Dito pensava que tudo estava para ele, depois da notícia, o Dr. Zeca pensou a mesma coisa, posto que se o jogador havia perdido tudo, realmente não sabia nada de bilhar e, querendo tirar partido daquela situação, lança um desafio maior ainda:
- Bem, já que o senhor perdeu tudo, e aposto em tudo o que você perdeu, até para ajudá-lo e se você perder será meu empregado pelo resto de sua vida, e pode ir escrevendo o documento aí Carlos...
Dr. Carlos e Zeca estavam juntos, e era o seu advogado.
Enquanto, o advogado elaborava um documento que não ferisse a lei, porém, que favoresse Dito o jogador.
Dito confirma ser ele o perdedor daqueles bens aos quais referiu-se o locutor da rádio e, acho que até perdi minha esposa que encontra-se grávida do nosso primeiro filho etc...
Houve um longo silêncio, e Dito quebra-o, dizendo:
Dr. Zeca, o desafio já foi lançado e aceito, agora dou-lhe a prerrogativa de escolher um jogador que esteja presente, incluindo o senhor para disputar comigo, numa única partida, como ja havia dito anteriormente.
O pessoal ouviu calado, enquanto Dito quer ratificar a proposta, o Dr. Zeca fica meio irritado e:
- Respeito é bom e eu gosto, pensa que não tenho palavra seu moleque, haja vista que o Dr. Carlos já está forjando o respectivo documento.
Dito ajeita as bolas na mesa e diz:
- Quem se habilita?
Então se apresenta o próprio Dr. Zeca Bastos para jogar, com as palavras jocosas:
- É comigo mesmo, meu colono vitalício, e ainda jogo mais 50 cabeça de gado em cima desse jogo, só para ver você nunca poder liquidar sua dívida comigo.
Enquanto, eles discutiam sobre o jogo, algum curioso presente, liga para a rádio, dizendo onde se encontrava Dito Mendes, e acaba por descobrir que se tratava de Sinuquinha o grande campeão nacional de sinuca e, vai correndo avisar o Dr. Zeca.
Zeca e Dito já haviam começado a partida, e o coitado do Dr. Zeca já vislumbrava o seu prejuízo, quando é informado dos fatos, aí acaba de esmorecer realmente.
Dito, é o grande campeão daquele jogo, enquanto, o velho dá uma lição de humildade forçada a todos os presentes.
- Meus amigos, já sou bem velho, e sempre estou aprendendo, acabo de desafiar o nosso maior campeão nacional de sinuca, porém, não afinarei, continuarei com o jogo até perdê-lo e pagar minha aposta, continue Dr. Carlos com o documento.
E que isto sirva de lição a todos nós, jamais devemos menosprezar quem quer que seja, pois, Domingo é o Dia D, jamais o esquecerei...
Até Dito se comoveu com suas palavras, posto que tinha consciência de que aquele senhor jamais ganharia dele, pois, aquele não era o seu metiê, e teve a humildade de ganhar a partida arriscando tudo, ganhando apenas por um único ponto, sendo que nele poderia ter dado de lambreta, como diz na gíria, ou seja: não permitir que fizesse nenhum ponto sequer.
Polaca, era trabalhadeira, e não aprovava a vida de jogador profissional do marido.
No mesmo dia apareceu o resgate, mas, Dito já estava a caminho de sua casa com um cheque em mãos e com a cópia do contrato do jogo, manuscrito pelo advogado Carlos e dirigindo sua caminhoneta.
A vida é um jogo, gostemos ou não, ora se perde, ora se ganha.

Aquela partida, fora mais uma lição, porém, não passava de uma ilusão, como na verdade o jogo leva ao prejuízo uma das partes, o que não pode ser bom...

“O que vem fácil, vai fácil”.

Obra: Romanesca de auto-conscientização.

Copyright by jbcampos

É proibida a comercialização desta obra sem a autorização do autor.